Intitulada Parcours Mode, Bijoux, Design, a nova exposição do Musée des Arts Décoratifs (Museu de Artes Decorativas) reúne peças de prêt-à-porter e alta-costura. A exibição, que ficará aberta até novembro de 2024 em Paris, foi pensada como um tour de moda, joias e design, como o próprio nome sugere. Por meio de um mix de obras vintage e atuais do ramo fashion, cria-se uma sintonia poética com itens do acervo fixo de mobiliário e decoração.
Destaco que o museu não é um ambiente exclusivo para criações que têm 100 anos ou mais. Maravilhosamente, a iniciativa demonstra como criações contemporâneas também podem estar em evidência nos espaços que sintetizam a história da moda, juntando o passado e o presente. Do vasto repertório da mostra, escolhi 10 destaques.
Confira a minha seleção de peças incríveis de moda que compõem a exposição Parcours Mode, Bijoux, Design:
1. Balmain por Olivier Rousteing
A exibição começa com peças de prêt-à-porter desenvolvidas por Olivier Rousteing para a Balmain. As escolhas são repletas de aplicações, com direito a pérolas e strass bordados. Esses detalhes fazem parte, hoje, do DNA da marca, sob o comando do diretor criativo que está no cargo desde 2011. Outras características que estão intrínsecas ao trabalho de Rousteing na maison são o brilho e o maximalismo.
Provavelmente, é uma grife que vocês já viram nas redes sociais. A atuação na mídia é um dos pontos fortes da Balmain atualmente, assim como desfiles exuberantes para acompanhar criações espetaculares.
2. Stéphane Rolland
A atual mostra do Museu de Artes Decorativas também engloba o trabalho de Stéphane Rolland. O vestido de noiva em destaque foi apresentado na coleção de haute couture na primavera/verão 2023, em homenagem ao Brasil. Com lamê metálico, o modelo recebe uma resina dourada colada.
A obra escultural representa o manto de Nossa Senhora Aparecida. As linhas características do trabalho do arquiteto carioca Oscar Niemeyer também estão entre as inspirações do estilista. Vale enfatizar que o talentoso Stéphane Rolland foi diretor na Balenciaga quando tinha apenas 21 anos, antes de comandar a própria etiqueta de alta-costura, o segmento mais rebuscado e exclusivo da moda.
3. Schiaparelli por Daniel Roseberry
Um dos designers mais emblemáticos dos últimos anos, o norte-americano Daniel Roseberry é o diretor criativo da maison Schiaparelli desde 2019. Ele resgatou o que Elsa Schiaparelli inseriu na moda para transformar a marca em uma das mais famosas do mundo, por meio da conexão com a arte e o surrealismo. Nas apresentações recentes da label, ele sempre se supera, com peças cada vez mais surpreendentes.
Apesar de ter abandonado o rosa-choque característico de Elsa, o estilista mantém todos os outros códigos da grife francesa, como o preto e o dourado. Roseberry escolheu essa marcante junção de tons para a peça que agora está exposta no Museu de Artes Decorativas. Trata-se de um vestido da alta-costura do outono/inverno 2021, que inclusive foi usado por Dua Lipa recentemente. Intitulado Matador Couture, o compilado reuniu chifres, bordados e joias corporais.
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4. Issey Miyake
Outro vestido presente na exposição Parcours Mode, Bijoux, Design é uma criação de Issey Miyake, estilista japonês que morreu em 2022. A organização da mostra elegeu essa peça, que remete a uma pintura em um quadro, para combinar com um vaso, também disponível no museu. O principal ponto é que o item de moda muda de cor exatamente na mesma altura que o objeto de decoração. Um verdadeiro “choque” estético por meio da identidade visual!
5. Paco Rabanne
Dentre as criações de Paco Rabanne que integram a exposição, escolhi um minivestido icônico dos anos 1960. O designer espanhol, que triunfou em Paris e morreu em 2023, revolucionou a moda ao utilizar materiais até então impensáveis. Na peça que trago aqui, o destaque são os retângulos de metal.
Junto com Pierre Cardin e André Courrèges, o espanhol formou o grupo inovador dos futuristas, que imaginaram a moda das próximas gerações. Na iniciativa do Museu de Artes Decorativas, a obra de Paco Rabbane está disposta ao lado de uma escada by Roger Tallon, igualmente prateada. Tem tudo a ver unir o trabalho do revolucionário estilista com o ícone do desenho industrial.
6. Courrèges por Nicolas Di Felice + Rabanne por Julien Dossena
A exposição Parcours Mode, Bijoux, Design é organizada em cinco níveis. Em um desses ambientes, vê-se a evolução de diferentes cadeiras. Para completar a proposta, surgem designs de moda de Nicolas Di Felice para Courrèges, assim como de Julien Dossena para Rabanne. São marcas que estão posicionadas atualmente para o mesmo tipo de público, que se importa com tendências. Além disso, são etiquetas que se apropriaram do que os próprios fundadores deixaram, e, assim, continuam mantendo o legado com excelência.
7. Helmut Lang
Aqui, vemos uma criação do austríaco Helmut Lang, que é muito conhecido pelo minimalismo. A ornamentação fica de fora, mas o mais interessante é que a sobreposição garante um ar espotivo. Algodão, jérsei e jogo de transparências estão no repertório criativo.
8. Valentino por Maria Grazia Chiuri e Pierpaolo Piccioli + Dior por John Galliano
Nesta parte, o denominador comum é o dourado, com inspiração no Egito. A atual mostra do Museu das Artes Decorativas também é formada por peças da alta-costura de 2015, do período em que os italianos Maria Grazia Chiuri e Pierpaolo Piccioli comandaram juntos a Valentino. A época de John Galliano na Dior também é retratada; mais especificamente, a haute couture de 2004. Pode-se dizer que ele foi o mais excêntrico designer que passou pela casa francesa.
9. Lanvin por Alber Elbaz
Ao subir para o último nível da poética exibição, encontramos três roupas pensadas por Alber Elbaz para a grife Lanvin. O estilista, que faleceu em 2021, levou extrema criatividade à marca francesa. As fotos que tirei mostram a fluidez e o movimento dos tecidos nas peças de moda, colocadas ao lado de objetos artesanais de arquitetura e design assinados por criadores contemporâneos, com foco em cerâmica e vidro.
10. Rick Owens
Para fechar a minha seleção da nova exposição em cartaz no Museu de Artes Decorativas, uma obra do respeitado Rick Owens. O drapeado em couro exemplifica como o estilista trabalha habilidosamente o material rígido como se fosse fluído. Ele está entre os poucos designers que mantêm coerência pessoal e não se importam com trends. Trata-se de moda para um público seleto, que principalmente ama a arte dramática.
Moda e design em Paris
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A próxima edição será de 16 a 20 de setembro de 2024. A turma já está confirmada, mas restam poucos lugares disponíveis. Inscreva-se pelo e-mail [email protected] e receba todos os detalhes.