Azzedine Alaïa: uma visita ao museu que era ateliê do estilista

Azzedine Alaïa em ateliê
Estilista Azzedine Alaïa

O estilista tunisiano Azzedine Alaïa (1935-2017) se consagrou em Paris. Uma das personalidades que eu abordo no curso “10 Estilistas que você deve conhecer”, ele fundou a Fundação Azzedine Alaïa, com sede onde era o ateliê e a casa do estilista. O ambiente também funciona como museu, com exposições temporárias. Tive a oportunidade de visitar a mostra (atualmente em cartaz) que mistura o trabalho do designer com obras do fotógrafo Peter Lindbergh.

Exposição Alaïa Lindbegh 2021
Stéphane Aït Ouarab/Fundação Azzeine Alaïa/Divulgação

Fundação Azzedine Alaïa 

“Quero criar uma fundação em minha casa no Marais para abrigar minhas coleções de moda, arte e design, além de meus próprios arquivos”, disse Azzedine Alaïa. O sonho se concretizou em 2007.

Azzedine Alaïa fundou a instituição com seu parceiro, o pintor Christoph Von Weyh, e a amiga Carla Sozzani, editora de livros e galerista. A ideia era preservar a própria trajetória e o legado construído durante décadas. Depois da morte do estilista, o local passou a receber exibições com arquivos de acervo pessoal.

No espaço, que fica no número 18 da Rue de la Verrerie, ele criou inúmeros designs icônicos e também morou. Desde fevereiro de 2020, por decreto do governo francês, a fundação é reconhecida como patrimônio público.

Recentemente, inclusive, a residência foi tema de um documentário, transmitido em canal público francês de comunicação. A produção mostra a relação de Azzedine Alaïa com o complexo industrial de mais de 4000 metros quadrados, onde ele transitava entre a vida pessoal e a profissional. 

A Fundação Azzedine Alaïa é incrível; uma parada imperdível para quem visita Paris! Além de museu, o ambiente comporta loja com peças criadas pelo estilista; uma livraria, com curadoria fantástica; e também um café recém-inaugurado. A experiência é completa!

Fundação Azzeine Alaïa
Stéphane Aït Ouarab/Fundação Azzeine Alaïa/Divulgação


A exposição atual

A primeira exposição de 2021 da Fundação Azzedine Alaïa estreou em maio e ficará aberta até 2 de janeiro de 2022. Por lá, eu fiz uma live imperdível (disponível na íntegra ao fim deste post). Com curadoria de Benjamin Lindbergh e Olivier Saillard, a mostra mescla obras do estilista com o trabalho do fotógrafo alemão Peter Lindbergh.

Trata-se de uma verdadeira conversa entre a arte da fotografia e a moda. O interessante é ver as peças de vestuário, criadas por Azzedine Alaïa, ao lado de imagens, clicadas por Lindbergh, que representam a história do design. 

O fotógrafo e o designer tinham características marcantes em comum. Além da ligação artística, eles usavam – de diferentes maneiras – cores sóbrias, principalmente o preto. Enquanto Lindbergh explorava luzes e sombras na câmera, Azzedine Alaïa brincava com tecidos e texturas.

Fundação Azzeine Alaïa
Stéphane Aït Ouarab/Fundação Azzeine Alaïa/Divulgação
Fundação Azzeine Alaïa
Stéphane Aït Ouarab/Fundação Azzeine Alaïa/Divulgação
Fundação Azzeine Alaïa
Stéphane Aït Ouarab/Fundação Azzeine Alaïa/Divulgação
Olivier Saillard e Valeria Doustaly
Ao meu lado, Olivier Saillard, o curador da exposição Valeria Doustaly | Blog Paris Style Week


Na exposição, é possível ver de perto o DNA criativo de Azzedine Alaïa, que ficou conhecido como um mestre da costura. O tunisiano trabalhava as peças como um escultor das formas.

Com estética conceitual e sexy, as criações eram feitas para mulheres ousadas. Afinal, a sensualidade é um marco nas criações do estilista. Ele apostava em silhuetas marcadas. 

Um dos materiais mais usados era o couro. Minissaias, capuz, argolas, recortes e modelagens justas também eram características frequentes. Uma das obras mais comentadas, por exemplo, é o cinto corset.

Vale destacar que Azzedine Alaïa ficou amigo de várias modelos, atrizes e cantoras, como Naomi Campbell e Tina Turner. Elas não poderiam faltar no acervo de imagens.

Exposição Alaïa Lindbegh 2021
Stéphane Aït Ouarab/Fundação Azzeine Alaïa/Divulgação
Naomi Campbell com o cinto corset
Naomi Campbell com o cinto corset Peter Lindbergh/Fundação Peter Lindbergh/Divulgação
Azzedine Alaïa e Tina Turner Peter Lindbergh/Fundação Peter Lindbergh/Divulgação

Em uma visita anterior à Fundação, pude conferir de perto a exposição que comparou peças desenhadas por Azzedine Alaïa com criações de Cristóbal Balenciaga. A exibição foi aberta em 27 de setembro de 2020 e encerrada no dia 14 de fevereiro deste ano.

Sempre que há exposições novas, eu levo os meus grupos que vêm a Paris. Aproveito para ressaltar que a próxima edição presencial do Paris Style Week será em 2022!

Fundação Azzedine Alaïa
Valeria Doustaly | Blog Paris Style Week
Azzedine Alaïa e Cristóbal Balenciaga
Valeria Doustaly | Blog Paris Style Week
Azzedine Alaïa e Cristóbal Balenciaga
Valeria Doustaly | Blog Paris Style Week


Quem foi Azzedine Alaïa

Azzedine Alaïa nasceu em Tunes, capital da Tunísia, no ano de 1935. Formou-se como escultor na École des Beaux-Arts de Tunis (Instituto de Belas Artes de Tunis). Na moda, a carreira começou em meados dos anos 1950, em Paris.

No começo da carreira, Azzedine Alaïa foi alfaiate na Dior, onde também trabalhou com Yves Saint Laurent. Depois, passou por grifes como Guy Laroche e Mugler. O tunisiano inaugurou o próprio ateliê no fim dos anos 1970.

O auge da carreira foi nos anos 1980, com uma moda totalmente atemporal. A primeira coleção de prêt-à-porter foi a de outono/inverno 1982. Contudo, foi na alta-costura que ele se encontrou verdadeiramente, pela satisfação de desenvolver looks únicos e exclusivos.

Estilista Azzedine Alaïa
Azzedine Alaïa/Divulgação

 

Azzedine Alaïa ficou conhecido por um estilo totalmente único; não se importava com tendências comerciais. Além disso, não seguia o calendário de temporadas do Paris Fashion Week. Ele desfilava quando a coleção estava concluída, no próprio tempo.

“Meu sonho era criar um vestido sem ter que ficar de olho no tempo que leva e sem ter que me preocupar quando vai ficar pronto, quando vai ser mostrado”, afirmou.

Azzedine Alaïa gostava de ser chamado de costureiro. Até o fim da vida, cortou e costurou. O estilista morreu em 18 de novembro de 2017. A última coleção de haute couture foi o outono/inverno 2017/18.

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Valeria Doustaly

Valeria Doustaly

Apaixonada pelo mundo fashion, sou uma argentina que mora em Paris, a capital da moda. Aqui, tenho contato direto com o mercado de luxo e as tendências em primeira mão. Vivo e respiro moda diariamente.

Comigo você pode estudar moda, participar de uma imersão de moda em Paris ou contratar o meu serviço de Conciergerie.

Sou consultora de Imagem certificada pela Associação Internacional de Consultores de Imagem AICI CIP. Trabalhei em agências de propaganda, marketing e comunicação em destacadas empresas do mundo no mercado de cosmético e luxo na América do Sul e na França.

Graduada em marketing possuo também um MBA em administração estratégica. Morei mais de 10 anos entre São Paulo e Rio de Janeiro, residindo em Paris.

Multicultural, falo espanhol, francês, português e inglês. Tenho dupla nacionalidade argentina e francesa.

Valeria Doustaly

Valeria Doustaly

Apaixonada pelo mundo fashion, sou uma argentina que mora em Paris, a capital da moda. Aqui, tenho contato direto com o mercado de luxo e as tendências em primeira mão. Vivo e respiro moda diariamente.

Comigo você pode estudar moda, participar de uma imersão de moda em Paris ou contratar o meu serviço de Conciergerie.

Sou consultora de Imagem certificada pela Associação Internacional de Consultores de Imagem AICI CIP. Trabalhei em agências de propaganda, marketing e comunicação em destacadas empresas do mundo no mercado de cosmético e luxo na América do Sul e na França.

Graduada em marketing possuo também um MBA em administração estratégica. Morei mais de 10 anos entre São Paulo e Rio de Janeiro, residindo em Paris.

Multicultural, falo espanhol, francês, português e inglês. Tenho dupla nacionalidade argentina e francesa.

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