Não há dúvidas de que Yves Saint Laurent (1936-2008) foi um dos melhores estilistas de todos os tempos. Com a própria marca francesa, que segue como uma das mais renomadas do mundo, ele lançou criações memoráveis. No DNA criativo, um dos aspectos marcantes eram as transparências.
Para evidenciar essa característica em looks deixados pelo emblemático designer, o Museu Yves Saint Laurent, em Paris, organizou a exposição YSL: Transparências, que estreou em 9 de fevereiro, sob curadoria de Anne Dressen. Fui conferir no dia da inauguração para trazer os detalhes aqui no blog.
Museu Yves Saint Laurent
Sob direção de Elsa Janssen, o Museu Yves Saint Laurent apresenta periodicamente exibições temporárias, como as que citei aqui no blog anteriormente: peças de alta-costura da coleção baseada em Mondrian; Os Ouros; e As Formas. A instituição fica no lugar onde o próprio designer trabalhou de 1974 até 2002.
No número 5 da Avenue Marceau da capital francesa, ele criava no ateliê e recebia clientes. Durante muito tempo, o local também foi cenário para os desfiles do couturier. Vale destacar que está localizado no Triângulo de Ouro, que concentra muito do luxo de Paris, com outras marcas nas proximidades, como Balenciaga, Givenchy e Dior.
Foi muito mais tarde, depois da morte de YSL, que seu parceiro e sócio, Pierre Bergé, transformou o espaço em museu, para guardar o patrimônio da obra do estilista. A outra unidade fica no Marrocos.
A cada tema das exposições passageiras, no Museu Yves Saint Laurent, um artista é convidado para pensar a cenografia, de forma que as peças de moda sejam enaltecidas com as obras de arte. Desta vez, a convidada foi a arquiteta Pauline Marchetti, conhecida pelo trabalho que explora a intersecção entre percepção e espaço.
As transparências
A primeira sala do museu traz sempre referências biográficas sobre Yves Saint Laurent, para quem não conhece as particularidades da vida do couturier. Por lá, aprende-se, por exemplo, que ele nasceu na Argélia, em 1936, e que, na juventude, chegou a Paris para participar de um concurso de moda, o qual ganhou e virou referência para trabalhar na maison Dior, logo no início da carreira.
As criações com transparências estavam no repertório desde o começo da trajetória de YSL. Chamou muito a minha atenção, na nova exibição, uma das imagens com uma das peças usadas pela modelo chilena Elsa Dodero nos anos 1960. A latino-americana foi uma das modelos preferidas do estilista à época. Na mostra, é possível ver que, ao desenhar o vestido, na ficha, ele já pensava em quem desfilaria com a peça.
Na ampla gama de transparências trabalhadas por Yves Saint Laurent, estão renda, organza, tule e musseline, entre outros materiais. Das obras apresentadas, algumas — icônicas e não muito comuns — são totalmente transparentes, com direitos a brilhos e plumas de avestruz.
O museu apresenta não só as roupas originais, mas também acessórios, ensaios fotográficos, croquis e vídeos. No total, são 40 looks com transparências, que estão estruturados em cinco seções temáticas ao longo do museu.
Yves Saint Laurent foi pioneiro no vestuário contemporâneo para as mulheres por meio do empoderamento. É impressionante como as criações são atemporais. Atualmente, todos os looks mostrados na exposição podem ser lidos como modernos. Não é o caso de outros couturiers que vieram antes dele. Pode-se dizer que YSL foi o estilista mais importante da segunda metade do século 20 com um legado de 40 anos.
Depois de me encantar com os vestidos e as demais peças nas seções anteriores, fui à última sala, fixa no museu, que era a parte onde Yves Saint Laurent trabalhava. A instituição faz questão de manter a estrutura original, com direito à mesa do lendário designer francês, além de livros que o inspiraram, fotos e prêmios que ele ganhou, como o Dedal de Ouro. Entre os objetos pessoais, está o avental branco de YSL e até o canto onde o cachorrinho do estilista bebia água.
A sala final apresenta ainda o vestido que estampa o cartaz de divulgação da exposição.
Paris Style Week
Frequentemente, vou ao Museu Yves Saint Laurent, tanto sozinha quanto com clientes do serviço de concierge, além dos grupos do programa Paris Style Week. A cada visita, aprendo fatos novos. Trata-se de uma parada obrigatória para quem vem a Paris.
Claro que a nova exibição, aberta até 25 de agosto, está na programação da próxima edição do Paris Style Week, que será realizada de 11 a 15 de março. As inscrições estão abertas para o grupo seguinte, com programação entre 16 e 20 de setembro, entre em contato via [email protected].
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