A sustentabilidade é um desafio global, que envolve o empenho de diferentes setores, com o intuito de gerar menos impacto negativo no meio ambiente. Na moda, a temática também é relevante, já que a indústria fashion é uma das mais poluentes do mundo. Falei sobre o assunto recentemente em uma palestra e não poderia deixar de abordar aqui no blog a pauta da sustentabilidade no mercado de luxo.
Sustentabilidade na moda
A minha apresentação aconteceu em 6 de novembro durante um evento on-line organizado pela Associação Internacional dos Consultores de Imagem (AICI), no capítulo México. Eu tive o privilégio de ser uma das palestrantes, com o tema “Luxo e Sustentabilidade”.
Amei falar sobre tudo que está acontecendo no mercado de luxo em relação aos desafios que as marcas têm para se comprometer com o futuro do nosso planeta. O assunto é fundamental e também está inserido na próxima edição do programa Paris Style Week presencial, que será realizado em março de 2022.
A título de curiosidade e para se ter ideia da importância de abordar a questão, vale destacar que a London College of Fashion, apoiada pelo grupo de moda de luxo Kering, lançou um curso mundial inédito de sustentabilidade no mundo fashion. O objetivo é proporcionar uma introdução aprofundada ao design de moda ecológica, pesquisa e prática de negócios.
Neste post, reúno os principais desafios na moda de luxo em relação à sustentabilidade. Eles têm a ver com diferentes áreas e partes da cadeia fashion. Confira:
Concepção
Quando compramos algum produto, temos que considerar o impacto ambiental que a roupa tem durante todo o ciclo de vida. Trata-se de pensar em como proteger o nosso planeta do lixo da moda. Não só colocar no mercado uma nova tendência ou uma nova cor, por exemplo. É preciso pensar se o produto poderá ser transformado ou reciclado.
Um designer ou uma marca não pode colocar produtos nas lojas sem assumir as consequências do que vai acontecer com a roupa depois. As mudanças são lentas e exigem cuidado, além de interesse.
Na concepção, quando os designers pensam na moda, é preciso que pensem quantas coleções farão por ano. A sustentabilidade tem a ver com a quantidade. Quanto mais desfiles e mais looks, há mais incitação à superprodução, e consequentemente mais lixo.
Produção e Distribuição
Um dos principais pilares da sustentabilidade é a conquista de uma produção ética e consciente. As fábricas e confecções precisam investir nas técnicas já existentes para reduzir o uso de água, energia e materiais, além de inventar novas possibilidades. O blockchain, por exemplo, tem sido um método que chama atenção. Ele permite o rastreamento da fibra do tecido até o consumidor final.
O banimento do uso de pele animal em peças de vestuário e acessórios também é uma prática que tem ganhado cada vez mais marcas adeptas. Na lista, estão labels como Diane von Furstenberg, Ralph Lauren, Jean Paul Gaultier e Prada. O próprio grupo Kering – detentor de grifes como Gucci, Saint Laurent e Bottega Veneta – também abraçou o movimento fur free.
Outra preocupação é a quantidade de plástico que a moda produz. Afinal, trata-se de um material extremamente poluente.
Quando falamos em distribuição, o “made in France” e o “made in Italy” são valorizados mundialmente. No entanto, o frete aéreo polui. Nesse sentido, o tráfego marítimo é uma alternativa. Além disso, outro desafio é o incentivo ao consumo local.
Marketing
As políticas ecológicas se tornaram essenciais para marcas que estão no caminho da responsabilidade social e da sustentabilidade. Trata-se de um critério avaliado pelos consumidores, principalmente os das novas gerações. Os clientes estão cada vez mais alertas e exigem transparência.
Um bom exemplo de engajamento na sustentabilidade é a estilista Gabriela Hearst. Além da marca homônima, ela é atual diretora criativa da Chloé. Ela aposta frequentemente na reutilização de materiais que poderiam ser descartados. A técnica é chamada de upcycling.
O investimento em cenários ao ar livre para desfiles de moda também é algo a ser ressaltado. Afinal, estruturas extremamente elaboradas geram impactos ambientais. Recentemente, o designer Nicolas Di Felice, da Courrèges, preparou um show em um bosque, dispensando muitos gastos e exageros em geral.
Destruição de produtos e Recursos Humanos
A destruição, a queima e o descarte de mercadorias é mais comum na moda do que deveria. A ação é feita para reduzir estoques e até impedir que produtos sejam comercializados por um preço inferior. Marcas como Burberry e Coach já se envolveram em polêmicas devido à prática, que é muito prejudicial ao meio ambiente.
Além do upcyling – já adotado por grifes como Hermés, Balenciaga e Miu Miu -, uma alternativa interessante é a aposta em produtos feitos somente a partir de pedidos antecipados. A venda sob demanda já acontece na alta-costura, que é o setor mais sofisticado e exclusivo do universo fashion.
Outro desafio relacionado à sustentabilidade na moda tem a ver com recursos humanos. O fim do trabalho escravo e o investimento em gestão de pessoas são fatores cruciais.
O futuro com a sustentabilidade
A sustentabilidade envolve vertentes econômicas, políticas e sociais. É necessário que haja processo contínuo de mudanças, que engloba o estabelecimento de metas tangíveis e a dedicação de governos, ativistas e marcas.
Quer saber mais sobre o tema? Participe da próxima turma presencial do Paris Style Week! A programação acontecerá de 14 a 18 de março de 2022. Entre em contato comigo pelo e-mail [email protected] para ter os detalhes da inscrição.
Respostas de 2
Que texto incrível! Tão cheio de informações… continuem assim! <3 bjs
Muito Obrigada!