Yves Saint Laurent nos Museus: homenagem inédita em Paris

Turma de março de 2022, do Paris Style Week, no Museu Yves Saint Laurent
Turma de março de 2022, Paris Style Week, no Museu Yves Saint Laurent

É fato que Yves Saint Laurent, um dos nomes que fazem parte do meu curso “10 Estilistas que você deve conhecer“, é um dos designers mais famosos e talentosos da história da moda. Em 29 de janeiro de 1962, ele apresentou a primeira coleção da casa de moda fundada com Pierre Bergé. Para celebrar os 60 anos do acontecimento, seis museus renomados de Paris criaram a iniciativa Yves Saint Laurent Aux Musées (Yves Saint Laurent nos Museus), com exposições simultâneas integradas aos acervos permanentes.

Trata-se de uma homenagem inédita, organizada pela Fundação Pierre Bergé – Yves Saint Laurent. Os participantes são: Centro Pompidou, Museu de Arte Moderna de Paris, Louvre, Museu d’Orsay e Museu Picasso Paris, além do próprio Museu Yves Saint Laurent. Eu conferi tudo de perto e ainda levei a turma de março deste ano do Paris Style Week comigo.

Neste post, trago detalhes. YSL amava e se inspirava na arte. Muitos artistas foram usados por ele como referência para coleções. E isso influenciou nas peças que foram escolhidas para serem exibidas em cada museu. 

Turma de Paris Style Week no Museu de Arte Moderna - YSL
Turma de Paris Style Week no Museu de Arte Moderna Valeria Doustaly | Blog Paris Style Week


Museu de Arte Moderna de Paris

A iniciativa YSL nos Museus demonstra o vínculo que o designer teceu com a arte, mas também com as coleções públicas francesas. No Museu de Arte Moderna de Paris, essa ligação é evidenciada por meio das cores.

Na minha opinião, a melhor sala do projeto Yves Saint Laurent nos Museus foi a Raoul Dufy, no Museu de Arte Moderna. Com certeza, foi a que eu mais gostei.

Encerrada em 15 de maio, a exibição apresentou vestidos incríveis de seda e organza, além de peças mais modernas, como jaquetas e conjuntos. O que mais me encantou foi a forma como foram descritas as tonalidades, com nomes como “esmeralda”, “botão de ouro” e “fúcsia”.

Entre as peças, está uma capa com referência de um dos quadros de Matisse. Podemos ver também trajes da coleção de alta-costura de primavera/verão 1966, com casacos em lã jacquard, compostos por padrões geométricos bicolores e/ou tricolores.

Também estavam presentes criações da coleção de primavera/verão 2001, quando o estilista desenvolveu uma série de vestidos com estampas inspiradas na paleta do pintor Pierre Bonnard, principalmente tons florais.


Yves Saint Laurent no Louvre

Um dos museus mais famosos do mundo, o Louvre também entrou na celebração a Yves Saint Laurent, com destaque em uma das principais salas. A escolha foi a Galerie d’Apollon, onde estão guardadas coroas de reis, como Luís XIV.

Para se entender a relevância, vale destacar que o Louvre era habitado por reis, antes de virar um museu. Em 1661, a galeria pegou fogo, então precisou ser reestruturada, de forma impressionante. 

O luxo da galeria influenciou muito na escolha das peças de Saint Laurent que seriam exibidas. Colocaram as peças mais trabalhadas no glamour, e com foco na atuação de artesãos franceses com quem Yves Saint Laurent trabalhou. São jaquetas incríveis, que remetem a um jogo de luzes, junto com bordados e cristais. Fantástico!

Também vimos uma veste chamada Miroir Brisé, que é inspirada em um trabalho feito por Elsa Schiaparelli em 1938. Yves Saint Laurent retomou em 1978.

Na prestigiosa Galerie d’Apollon, há também um visual napoleônico usado por Diana Vreeland, uma das jornalistas de moda mais importantes da história. Ela vestiu a jaqueta em 1982, quando a marca completou 20 anos. Foi ela também quem organizou a primeira exposição sobre Yves Saint Laurent, no Museu Metropolitano de Arte, em Nova York, quando exposições de moda ainda não eram comuns.

No Louvre, as peças exibidas significam o fascínio do costureiro pela luz, pelo ouro e pela a cor do sol. Representam também o luxo francês, principalmente os bordados. O famoso Lesage dizia que “a alta-costura sem os bordados é como a celebração do 14 de julho [Festa Nacional Francesa, ou Dia da Bastilha] sem os fogos de artifício”. 

Uma boa notícia é que a exposição Yves Saint Laurent no Louvre foi estendida e ainda está disponível. Ficará em cartaz até 19 de setembro de 2022.

Peça de YSL que está no Louvre
Museu do Louvre/Divulgação
Peça de YSL que está no Louvre
Museu do Louvre/Divulgação

Centro Pompidou

No Centro Pompidou, até 16 de maio, ficaram várias obras importantes, sobretudo que retratam a ligação que YSL tinha com artistas contemporâneos. O icônico vestido Mondrian foi colocado em exibição.

Segundo a organização, a exposição retratou o estilista como um artista profundamente ancorado em seu tempo e testemunha das mudanças na criação artística no século XX. Para explicar, o Centro Pompidou destacou palavras de Yves Saint Laurent:

“Gosto de outros pintores, mas os que escolhi foram próximos do meu trabalho, por isso os chamei. Mondrian, claro, que foi o primeiro que ousei abordar em 1965, e cujo rigor não poderia deixar de me encantar, mas também Matisse, Braque, Picasso, Bonnard e Léger. Como pude resistir Pop Art que foi a expressão da minha juventude?”

 

Museu d’Orsay

O Museu d’Orsay optou por referenciar o papel que Marcel Proust ocupou no imaginário de Yves Saint Laurent.

Muita admirada, a obra “A La Recherche du Temps Perdu” (Em Busca do Tempo Perdido) inspirou a criação de vestidos para o baile oferecidos por Marie-Hélène de Rothschild em 1971.

Peças foram posicionadas em frente ao reflexo de um dos enormes relógios do Museu d’Orsay, criando um contraste muito interessante ao fundo. Entre as criações, podemos ver o original Le Smoking. Ou seja, a primeira versão da peça que virou um ícone na maison e revolucionou a moda para mulheres.

YSL no Museu D'Orsay
Museu d'Orsay/Museu Yves Saint Laurent Paris/Instant Productions/Wipart/Reprodução

 

Museu Picasso Paris

A experiência no Museu Picasso Paris ficou em cartaz até 10 de abril. Não poderia ser diferente: foram colocados itens que significam a admiração que Yves Saint Laurent tinha por Pablo Picasso.

Em 1979, por exemplo, como destacou o museu, depois de visitar uma exposição dedicada aos Ballets Russes, na Biblioteca Nacional da França, Yves Saint Laurent dedicou sua coleção outono/inverno ao pintor.

“Já em 1988, Yves Saint Laurent voltou a assumir o desafio ao adaptar à sua criação o vocabulário cubista, desenhado por Picasso e Georges Braque entre 1907 e 1912. Para isso, ele se apropria, recicla, reinventa, às vezes provoca. Seus modelos, apresentados como contraponto a uma seleção de obras de Picasso, dão uma visão geral de seu modus operandi baseado em jogos de transposição, mimetismo, desvio ou reinvenção”, explicou a organização.

YSL no Museu Picasso
Valeria Doustaly | Blog Paris Style Week

 

Museu Yves Saint Laurent

No icônico Museu Yves Saint Laurent, a programação, que foi prorrogada até 18 de setembro de 2022, ainda pode ser visitada.

Importantes materiais de arquivo da maison, cuidadosamente preservados ao longo dos anos por Pierre Bergé e Yves Saint Laurent, foram colocados em evidência.  Uma extensão das obras-primas expostas nas galerias permanentes dos museus parceiros do projeto em Paris.

O espaço foi reservado para tudo que retrata a criação em si: desenhos, moldes, modelagens e experimentações em geral. Trata-se de um ambiente mais pedagógico, voltado para o processo de costura e confecção. Os materiais ajudam a entender as roupas de haute couture desenvolvidas pelo estilista francês.

Turma de março de 2022 do Paris Style Week no Museu Yves Saint Laurent
Valeria Doustaly | Blog Paris Style Week
Turma de março de 2022 do Paris Style Week no Museu Yves Saint Laurent
Valeria Doustaly | Blog Paris Style Week
Turma de março de 2022 do Paris Style Week no Museu Yves Saint Laurent
Valeria Doustaly | Blog Paris Style Week
Turma de março de 2022 do Paris Style Week no Museu Yves Saint Laurent
Valeria Doustaly | Blog Paris Style Week

 

Yves Saint Laurent: o legado

Nunca antes uma exposição sobre um único tema (e ainda de moda) esteve em seis museus de tanta relevância na capital francesa ao mesmo tempo. Fui várias vezes conferir as obras que fazem parte do projeto Yves Saint Laurent nos Museus. Admirei e tirei várias fotos.

Dar aulas sobre YSL nos espaços, diante de criações do próprio estilista, foi maravilhoso. Vivenciei a experiência histórica, que vai ficar marcada em mim e em todos que puderem conferir. Foi muito intenso.

Yves Saint Laurent começou a carreira muito jovem, na Dior. Mais tarde, fundou a grife homônima. Quando ele fez o primeiro desfile para a própria marca, em janeiro de 1962, ele tinha apenas 26 anos. Ficou no cargo de diretor criativo da maison até 2002. Morreu em 2008.

A iniciativa nos museus é um retrato essencial da importância do patrimônio de moda que temos na França. Ações como essa mantêm viva a história, mostram como as marcas foram trabalhando. Podemos ver o savoir faire de perto.

Preservar a memória sobre a moda é fundamental. Vale destacar que o estudo da moda é relativamente novo, mas essencial. Para quem quer saber mais sobre o legado dos principais designers que moldaram a evolução da moda, eu tenho uma dica: não deixe de fazer o curso “10 Estilistas que você deve conhecer”. Com fácil acesso, as aulas gravadas estão disponíveis on-line, na plataforma Hotmart.

Em geral, as aulas ajudam a entender o passado, assimilar com o presente e aproximar as futuras tendências. Além do conteúdo virtual, ofereço experiências e visitas, como as do projeto Yves Saint Laurent nos Museus, por meio das turmas presenciais do Paris Style Week, além do serviço personalizado de concierge para quem vem à capital da França.

 

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Valeria Doustaly

Apaixonada pelo mundo fashion, sou uma argentina que mora em Paris, a capital da moda. Aqui, tenho contato direto com o mercado de luxo e as tendências em primeira mão. Vivo e respiro moda diariamente.

Comigo você pode estudar moda, participar de uma imersão de moda em Paris ou contratar o meu serviço de Conciergerie.

Sou consultora de Imagem certificada pela Associação Internacional de Consultores de Imagem AICI CIP. Trabalhei em agências de propaganda, marketing e comunicação em destacadas empresas do mundo no mercado de cosmético e luxo na América do Sul e na França.

Graduada em marketing possuo também um MBA em administração estratégica. Morei mais de 10 anos entre São Paulo e Rio de Janeiro, residindo em Paris.

Multicultural, falo espanhol, francês, português e inglês. Tenho dupla nacionalidade argentina e francesa.

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Valeria Doustaly

Apaixonada pelo mundo fashion, sou uma argentina que mora em Paris, a capital da moda. Aqui, tenho contato direto com o mercado de luxo e as tendências em primeira mão. Vivo e respiro moda diariamente.

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Sou consultora de Imagem certificada pela Associação Internacional de Consultores de Imagem AICI CIP. Trabalhei em agências de propaganda, marketing e comunicação em destacadas empresas do mundo no mercado de cosmético e luxo na América do Sul e na França.

Graduada em marketing possuo também um MBA em administração estratégica. Morei mais de 10 anos entre São Paulo e Rio de Janeiro, residindo em Paris.

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