Stephen Jones, Chapeaux d’artiste: Uma Homenagem no Palais Galliera
O Palais Galliera, também conhecido como Museu da Moda da Cidade de Paris, é uma instituição dedicada à preservação e exibição da moda e do vestuário. Localizado no 16º arrondissement de Paris, o museu apresenta exposições temporárias que exploram a evolução da moda, destacando tanto designers históricos quanto contemporâneos. As mostras variam de retrospectivas de grandes nomes da alta-costura a temáticas específicas que refletem as tendências e influências culturais na moda ao longo dos séculos e agora o Palais Galliera apresenta Stephen Jones
Entre essas homenagens, o Palais Galliera apresenta “Stephen Jones, Chapeaux d’artiste”, uma exposição extraordinária dedicada ao trabalho do célebre modista inglês Stephen Jones. Em cartaz de 19 de outubro de 2024 a 16 de março de 2025, a mostra explora mais de quatro décadas de criação, exibindo chapéus que vão do mais clássico ao mais excêntrico, incluindo colaborações com nomes icônicos da moda como Jean Paul Gaultier, Thierry Mugler, Azzedine Alaïa, Claude Montana, Daniel Roseberry para Schiaparelli, Walter Van Beirendonck e Maria Grazia Chiuri e Kim Jones para Dior.
Do Blitz Club à Realeza
Stephen Jones nasceu em 1957, no Reino Unido, em um ambiente que misturava ciência e arte: sua mãe, apaixonada por jardinagem e cultura, e seu pai, engenheiro, estimularam desde cedo sua imaginação. Ainda assim, ele demorou a descobrir sua verdadeira vocação. Durante seus estudos na Saint Martin’s School of Art, Jones fabricava roupas femininas, mas foi ao criar chapéus para amigos e frequentadores do lendário Blitz Club, em Londres, que encontrou seu verdadeiro caminho.
Foi no subsolo do PX, uma loja comandada por Steve Strange, que ele estabeleceu seu primeiro ateliê em março de 1980. Com criatividade em abundância e poucos recursos financeiros, Stephen começou a moldar sua carreira com peças que eram tanto para dançar em clubes quanto para o uso cotidiano. Esse início foi movido pela paixão por criar, e não pelo dinheiro, considerado um “mal necessário”. Seu primeiro público incluiu amigos e conhecidos do Blitz, mas não demorou para que seus chapéus conquistassem as cabeças mais ilustres, incluindo membros da realeza britânica, como Lady Diana.
Chapéus que Transcendem Culturas
As criações de Jones transcendem o simples acessório; são obras de arte e narrativas em si mesmas. Suas coleções pessoais exploram temas variados, como os jardins da Babilônia, Shangri-La, Xanadu, Hollywood e até alimentos, com chapéus como o “salada niçoise”, o “sandwich de manteiga de amendoim e geleia” e a “toque de sopa de cebola francesa”. Para Jones, o chapéu ideal é o que combina com todas as cabeças: o clássico haut-de-forme.
Stephen Jones explica que “Aujourd’hui encore, lorsque je dessine un chapeau, je pense toujours à un corps, et c’est la raison pour laquelle je souhaite collaborer avec des créateurs.” Essa visão revela sua abordagem única, onde cada chapéu é pensado como parte de um conjunto, harmonizando com as formas e movimentos do corpo.
A exposição também inclui uma peça icônica: “Oui pour une robe avec du fil de fer à l’intérieur, qui est dans l’exposition! J’ai été inspiré par Balenciaga et Charles James. Et Charles James plus que tout!” Essa criação reflete o fascínio de Jones pela alta-costura e seu apreço pela arte da confecção. “Era uma época em que todos estavam interessados em roupas esportivas americanas e em suéteres de caxemira bege, enquanto eu era o único interessado na alta-costura e em todo aquele universo,” explica o modista.
Uma História de Amor com Paris
Paris ocupa um lugar especial na vida e carreira de Stephen Jones. Foi na capital francesa que ele deu início à sua trajetória internacional, estreando com Jean Paul Gaultier e criando momentos memoráveis com Thierry Mugler, incluindo o icônico desfile no Zénith para 6.000 pessoas, um marco na história da moda e a maior produção da carreira de Jones.
Colaborações com Claude Montana, Azzedine Alaïa e Rei Kawakubo da Comme des Garçons também marcaram sua relação com a França. A parceria com Alaïa o levou a Mugler, e foi com Kawakubo que ele viveu momentos únicos, como não reconhecê-la no primeiro encontro. Desde 1997, ele é o modista oficial da Dior, trabalhando com Maria Grazia Chiuri e Kim Jones em criações que se tornaram o clímax de desfiles históricos. Em um momento icônico, na coleção de inverno de 2022, ele apareceu ao lado de Kim Jones para agradecer ao público.
Além disso, Jones salvou chapéus às 2 da manhã para um desfile de Marc Jacobs na Louis Vuitton e colaborou intensamente com Daniel Roseberry na Schiaparelli, unindo drama e volume em peças marcantes. Ele ainda cria chapéus que homenageiam grandes rivais, como um fez que mistura referências de Coco Chanel e Elsa Schiaparelli.
O Chapéu como Símbolo Parisiense
Para Stephen Jones, o chapéu é essencialmente parisiense, um símbolo de todas as modas femininas da França. Essa paixão por Paris se reflete não apenas em suas criações, mas também na exposição “Stephen Jones, Chapeaux d’artiste”. Composta por cerca de 400 peças, incluindo mais de 170 chapéus, a mostra é um mergulho no universo fantástico do modista, apresentando criações excêntricas, colaborativas e feitas sob medida para ícones como Lady Gaga, que usou uma peça dele na abertura dos Jogos Olímpicos de 2024.
Esta exposição celebra a genialidade de Stephen Jones e sua capacidade de transformar o ordinário em extraordinário, seja com uma flor, um toque de humor ou uma referência cultural. Entre Paris e Jones, é uma história de amor que continua a inspirar gerações. Veja um pouco da sua historia entre Londres e Paris neste video.